terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sestas - Quando extinguir e quais?


Saiba a ordem das sestas de acordo com as necessidades do seu filho e quando é expectável que possam desaparecer - De acordo com a idade e outros factores relevantes.


No primeiro ano de vida de um bebé, a vida parece virada para compreender a necessidade de dormir sestas e parece nunca mais terminar…. Mas por fim começa a diminuir gradualmente quanto mais próximo da infância. Em apenas um ano de vida, o seu filho irá de 4 ou 5 sestas até 1 ou 2.

Um bebé até aos 3 meses de idade tipicamente tem uma necessidade de 15-18 horas de sono em 24h, de acordo com as avaliações de neurologistas, pediatras e especialistas, e como tal além da noite, ele poderá ter que dormir entre 6 a 4 sestas (dependendo da duração de cada uma, não sendo recomendável que de forma padronizada e a partir do 1º mês faça sestas maiores de 2h30 horas e sim as divida em 4 momentos de dormir durante o dia)

Ao virar dos 3-4 meses, poderá logo reduzir-se de 4 sestas para 3: Ficando uma sesta de manhã e outra durante a tarde, e no final do dia, uma “power nap”. Isto acontece porque o bebé, também começa a ter maior capacidade em estar acordado em qualidade porque as necessidades de sono em 24h também diminuem numa hora.

Normalmente é a sesta da manhã a próxima a sair, o que tende acontecer algures entre os 12 e os 18 meses. Muitas vezes quando esta sesta sai, mais próximo dos ainda 12 meses, pode ser necessário recuperar ou manter a “power nap” do fim do dia, por exemplo em casa. Esta variação no intervalo de idade poderá dever-se a vários factores e não apenas, na maioria dos casos, à entrada na cresce, e serão esses tais como peso do bebé, temperamento, se o bebé nasceu no termo ou foi prematuro, entre outros. É importante lembrar que o facto do bebé aparentar não querer dormir a sesta, não significa sempre que não precisa dela. Lembre-se que mesmo as crianças de 18 meses ainda precisam cerca de 12 a 14 horas de sono total em 24h (Assim confirma dados da NSF mas também como já R. Ferber publicou em 1991). Mas a verdade é que até mesmo a “power nap” ou a sesta rápida do final do dia, acabará por desaparecer, em algumas crianças logo aos 14 meses, outras mais tarde.

Outro dado fornecido pela National Sleep Foundation revela que apenas 50 por cento das crianças, ainda dormem a sesta aos quatro anos de idade e 70 por cento finalizam a única sesta do dia aos 5 anos. Não creio que estas percentagens possam diferir assim tanto da nossa realidade portuguesa, mas se tivesse que dar um palpite creio que inverteria a percentagem. De um modo ou de outro, não deixa de ser lamentável a desnecessária hipoteca à qualidade de vivências e aprendizagens das nossas crianças, nestas idades tão ricas e estruturantes. É, no entanto, bastante notório e muito apresentado pelos Pais, como tantas vezes é difícil encontrar uma creche seja pública ou instituições privadas, muitas vezes conceituadas, que possam oferecer condições ou organização para uma sesta depois dos 3 anos. Quase vergonhoso pelo desconhecimento da sua importância. Mas compreensível num País com fraca cultura e respeito pelos hábitos de sono e o impacto do sono logo na base da vida. (Mas acredito estar a mudar!)

Se o seu filho resiste a uma soneca, tente observar se este demonstra sinais de sono como: esfregar os olhos, ou bocejo, labilidade emocional, querer tudo e não querer nada, não se concentrar em nada mais do que um minuto, no fundo, uma rabugice geral que pode até meter até choro e birra, algo que visivelmente possa degradar a qualidade da sua própria vivência. Sempre que notar estas “bandeirinhas vermelhas”, isso significa que seu filho muito provavelmente ainda precisa de uma sesta.

Se o hábito não existe ou se perdeu, essa poderá ser a maior barreira motivacional de qualquer Mãe ou Pai! Não menos difícil se a criança se encontra numa creche que por razões de organização interna, já não a façam. Na creche existe algo importante que trabalha a motivação e expectativa da criança: O ir “em grupo”, e o ser feito todos os dias- o que torna tudo mais simples, isto quando a creche tem uma estrutura planeada para dar valor a esta questão pertinente.

Em casa compreende-se o difícil que se pode tornar para uma criança que não está habituada a parar as suas brincadeiras para ir dormir, quando mais ninguém vai, especialmente se já não a fazia como hábito, além do difícil que é trabalhar de forma simples essa expectativa, sem birra. Mas garanto que caso avalie de forma muito objectiva os ganhos e os custos para o seu filho, será esse o maior motor da sua motivação, enquanto Mãe ou Pai. O plano detalhado para que funcione da melhor maneira (Seja da própria sesta, seja da sua coordenação e potenciação com o sono da noite), poderá sempre detalhá-lo em pormenor com um especialista experiente na matéria!  







sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Os 7 direitos do Bebé, nas suas brincadeiras!

Muitas vezes os pais concentram-se mais em brincar e em ensinar os seus filhos a brincar, quando estes já são crianças ou quase crianças… Mas brincar é uma necessidade e também um direito a investir desde logo que se é bebé! Ensinar um bebé a brincar mais e melhor, adaptando a tipologia de brincadeiras às capacidades e nível de cada fase, tem largos benefícios ao  nível da estruturação interna. 

Saiba como investir na qualidade das brincadeiras… como um hábito desde a base! 

As brincadeiras nos bebés são aprendizagens muito importantes. Constituem-se como alicerces essenciais do desenvolvimento emocional, motor e cognitivo, que bem direccionados estimulam a confiança nos Pais, no mundo, fomentam o vínculo qualitativo e a noção de segurança. São ferramentas imprescindíveis de auto-estima e auto-confiança. Genuínos atos de Amor, de relação mas também de verdadeira inspiração.

Brincar, para um bebé, é aprender e é relacionar-se. E como para qualquer relação, esta também se quer equilibrada e saudável. A lógica das brincadeiras não deve ser exaustiva e nem devem ser desenvolvida sob um eixo egoísta por parte de quem educa/cuida/cria – algo que pode acontecer quando os pais sem querer, se assumem enquanto “A Fonte de Toda a Diversão” para o bebé, não dando espaço ou recursos para que este aprofunde e aprenda as suas próprias conquistas de entretenimento, mesmo que pareçam de menor importância aos olhos dos pais. Quem ama sabe que quer que o seu bebé se divirta consigo (Isso é indiscutivelmente muito importante), mas quem ama e educa também compreende a importância de fomentar no bebé os recursos necessários a uma conquista própria de auto-satisfação e auto-concretização. (Será que às vezes é esquecido?)

-É preciso brincar com o seu bebé! Mas lembre-se de ensiná-lo a conseguir também! 


1º- Para um bebé, estar acordado já é uma actividade. -Que consome energia- Use bem essa energia!;


2º- O bebé tem direito a entediar-se da brincadeira;


3º- O bebé tem direito a brincar e conhecer um brinquedo de cada vez (Em vez de uma avalanche de brinquedos e estímulos dados ao mesmo tempo);


4º- O bebé tem direito ao seu espaço físico e metafísico. Tem direito a sentir-se seguro para explorar (sem uma constante e exacerbada híper -vigilância);


5º- O bebé tem direito a ser incentivado e elogiado também no seu esforço e na sua tentativa (E não apenas nas suas grandes conquistas) ;


6º-O bebé também tem direito a brincar com objetos inventados, sem desígnio ou lógica aplicação (desde que sejam seguros)!;


7 º- Os bebés têm direito à qualidade de experiência e merecem a concentração dos Pais.





1º- Para um bebé, estar acordado, já é uma actividade. -Que consome energia- Use bem essa energia!

A resistência de tempo acordado de um bebé, é menor que o de uma criança, e progressivamente maior ao longo dos primeiros meses de vida, bem como a sua capacidade de assimilação de estímulos. Ou seja, observar o simples funcionamento habitual da casa, ou mesmo trocar a fralda, são para o bebé muito recente, considerado “actividade”. À medida que crescem é justo poder-se dar mais do que apenas observação, e uma simples muda da fralda, e buscar a qualidade de experiências e brincadeiras, nesse menor tempo em que estão acordados. Falar com o bebé olhos nos olhos, apresentar um objeto, cativar e gerar interesse na vida, apresentando-a com sons e palavras, conversar, apresentar e envolver o bebé na exploração de um objecto ou brinquedo, ensinar sequências de ações aos poucos, com o devido reforço positivo, são exemplos de atividades que ajudam o bebé a criar a consciência de si e do meio, e enriquecem o seu mapa de conceitos da vida.


2º- O bebé tem direito a entediar-se da brincadeira; 

Excluindo que possa já estar cansado ou com sono, o bebé também se entedia da mesma atividade, e  poderá resmungar ou mesmo chorar, desviar o olhar,  etc. É importante ser sensível à disponibilidade por parte do bebé. O respeito pelas suas necessidades básicas deve ser primordial, não tentando impor a vontade ou perceção do adulto se esta for desajustada. Por exemplo se o bebé já está cansado e com sono, não deve ser insistida uma brincadeira. Receber sinais do bebé e descodificá-los , devolvendo-os com sentido,  é uma missão complexa mas fundamental para respeitar a sua individualidade e disponibilidade dado o contexto.Caso as razões sejam de facto o entediamento daquela actividade, objecto/brinquedo ou ambiente, poderá ser oferecido outra. Mas também, pode questionar-se o adulto se de facto ele saberá tudo o que o objecto poderá oferecer de diversão? Daí poderá decorrer reinvestir-se com outra profundidade na mesma brincadeira mas com outra nova perspectiva. Ajudar a mostrar ao bebé que mais recursos de satisfação podem ser criados mesmo quando este julga terem esgotado. Este reinvestimento pode ser uma chave importante para cultivar o poder de imaginação e criatividade do bebé ou mesmo a tolerância à frustração. Atualmente, a grande oferta de brinquedos e estimulos, muitas vezes boicota o aprofundamento da mesma actividade e a concentração na mesma, privilegiando a alternância constante e às vezes quase automática de brinquedos. Às vezes, só falta mesmo que se ensine o que fazer com cada um com mais atenção e mais tentativa, em vez de sempre trocar e constantemente mudar para um novo. Se o estímulo visual foi esgotado, porque não reforçar a textura, ou o cheiro, ou até o som? Só assim se poderá chegar a outros níveis de satisfação e ajudar o bebé desde cedo a reinvestir e aprofundar para superar as suas pequenas frustrações. 


3º- O bebé tem direito a brincar e conhecer um brinquedo de cada vez (Em vez de uma avalanche de  brinquedos e estímulos dados ao mesmo tempo); 

Nunca esteve sentado a uma mesa cheia de comida e de repente parece que fica sem apetite? Ou talvez possa provar de tudo um pouco, mas nunca chega a fazer uma refeição completa de nenhum prato? Não que seja proibido brincar com vários brinquedos ao mesmo tempo, mas isso normalmente pode envolver menor esforço de aprofundamento e concentração naquilo que os são recursos de diversão de cada objeto. Como já falei anteriormente, observo frequentemente algo já apresentado também por estudos feitos, alguns, já há décadas, que essa exposição exacerbada de multi-estímulos, para a capacidade de concentração do bebé, leva mais depressa ao entediamento, diminuindo o nível de auto-satisfação a curto, mas também a médio e longo prazo.  Para todas as conquistas é necessário sempre um certo nível de compromisso e investimento, e para tal é necessário também oportunidade. Esta aprendizagem pode começar no brincar. Por exemplo, começar por oferecer apenas UM objecto, para explorar em maior profundidade e reinvestir sempre que faltarem ideias. Pode orientar a um maior esforço e investimento no mesmo. Oferecer vários ao mesmo tempo, poderá proporcionar uma exploração mais superficial. Valorizar cada atividade, objeto ou brinquedo, ajudará o bebé a realizar maiores conquistas evolutivas. Simplifica a estruturação do raciocínio alcançando não só mais ideias, como gradualmente uma melhor destreza e controlo em cada uma.  Isto dar-lhe-á um nível maior de auto-satisfação e auto-confiança.


4º- O bebé tem direito ao seu espaço físico e metafísico. Tem direito a sentir-se seguro para explorar (Sem uma constante e exacerbada híper -vigilância); 

O bebé formula o seu campo de segurança através das respostas dos seus pais ou cuidadores. E se no local onde se encontra sente alguma dificuldade ou desconforto, deve ser atendido, o bebé tem direito a sentir-se protegido. No entanto, os níveis de resposta ditam o nível de urgência ou de perigo ou de insegurança. Não temos “lacraus” a passear no tapete de actividade pois não? Será altamente benéfico mostrar-lhe que quando chora ou apresenta adversidades nas suas ações (e que não sejam razões de cansaço, sono, fome- pois essa requerem uma resposta em conformidade, bem como se o bebé estiver doente) que ele está seguro onde se encontra, sem a necessidade (muitas vezes começada pelos pais) da resposta de “resgate automático e reativo a título de salvamento” seja para o colo, ou para outro local ou pessoa. O bebé não deve ser ignorado na sua dificuldade! Deve ser atendido! Mas a ideia é sempre aliviar a tensão e não aumentá-la no local. Com o sentido de reforçar a ideia para o bebé: “hei! Eu sei, magoaste-te! Mas não foi grave! Toma um beijinho. Vai já passar, tu estás seguro aí!”( quando por exemplo dão com algum objecto na cara de raspão) O bebé a quem não se cultivou estas raízes de exploração com sentido genuíno de noção de segurança, nas suas brincadeiras, poderá ser um bebé que não tem tanta capacidade de aprofundar as suas conquistas no meio, durante mais do que alguns minutos, exigindo a constante presença e entretenimento dos pais. Esta interrupção de insegurança pode comprometer a riqueza da experiência e da aprendizagem que o bebé estava envolvido inicialmente. Fortalecer a relação de confiança e noção de segurança desde cedo será promotor do direito do bebé ao seu espaço, para poder explorar de forma livre! Sem a constante e quando em demasia, intrusivo direcionamento (Desde que não ponha o bebé em risco de se magoar, a ele ou aos outros).Por outro lado, se os pais sempre se tornam o objeto da diversão e não fomentarem a noção de segurança do bebé além da sua presença de pais, o bebé estará mais reduzido em recursos para se auto-satisfazer ou lidar com as pequenas frustrações, chamando constantemente e dando cabo do ambiente de concentração. Mais cedo ou mais tarde, essa aparente incapacidade pode transitar para uma genuína insegurança no meio, influenciando assim o desenvolvimento cognitivo e de exploração. Muitas vezes estas questões chegam ao sono. Ora se o bebé não se sente seguro para explorar e brincar no seu quarto de dia, sem a constante presença de um dos Pais, como poderia achar o sono algo seguro? Dormir é fechar os olhos e fechar os olhos é confiar que nada de mal vai acontecer enquanto não estamos a controlar o ambiente! 

5º- O bebé tem direito a ser incentivado e elogiado também no seu esforço e na sua tentativa (E não apenas nas suas grandes conquistas) 

Às vezes é mais fácil para os pais repararem numa grande conquista, por exemplo quando o bebé 
consegue encaixar o cubo na casinha, ou fazer uma gracinha, dar os primeiros passos ou falar pela primeira vez. Mas o segredo de qualquer conquista por parte do bebé, é o reforço positivo na tentativa, no esforço e nos pequenos ganhos. Não se deve aplaudir apenas quando consegue algo vistoso. Importante é “aplaudir” ou incentivar também as tentativas do bebé. Se nas tentativas estiver motivado é mais certo que não desista, até de facto – Conseguir! Seja no seu esforço de coordenar as duas mãos ou apenas uma mão para alcançar o objeto, seja na sua tentativa de imitar os movimentos dos lábios quando os pais falam com ele ensinando um som, ou quando engole o conteúdo da colher de sopa, ou abre a boca, com a intenção de melhorar a sua aptidão. Imagine que faz um rabisco numa folha de papel, se olhar de novo, com certeza que desse rabisco conseguirá construir um desenho! As tentativas do seu bebé também têm uma intenção, são o rabisco de algo que se poderá tornar uma verdadeira obra de arte. Valorizar as suas intenções e tentativas, olhar para elas como algo mais do que  apenas “ele não consegue”, reforçará a auto-estima e a possibilidade de este vir a conseguir!

6º-O bebé também tem direito a brincar com objetos inventados, sem desígnio ou lógica aplicação 

(desde que sejam seguros)!Os objetos toscos, sem significado ou identificação real de utilização (Como tampas de ou “tapperwares”, tampas de boiões, caixas de cartão, lenços coloridos, fruta etc) têm também grandes possibilidades de diversão e estimulam o universo criativo sensorial e recreativo do bebé- mas também dos pais. Estes objetos precisam normalmente de ser grandes o suficiente para que a criança não os engula e não devem ter pontas ou partes afiadas que possam magoar a criança quando tocadas ou quando colocadas na boca. São objectos que podem que provocar surpresa, e incentivam as descobertas estimulando todos os seus sentidos. Colocar os objetos na boca é uma fonte de prazer e aprendizagem do seu bebé, em especial até aos 4-6 meses. Desde que os objetos estejam limpos e sejam seguros, não é necessário limitar esta experiência. No entanto, será benéfico ensinar o bebé mais ideias do que fazer com os objectos em vez de apenas pô-los na boca. Procure escolher objetos que atendam a estes requisitos.

7 º- Os bebés têm direito à qualidade de experiência - Merecem a concentração dos Pais.

Merecem atenção exclusiva no incentivo, no estímulo e na sua aprendizagem- Não divida o tempo em que brinca/ensina a brincar com o seu bebé, com chamadas/msgs de telefone ou crónicas olhadelas para a tv ou pc. Lembre-se, brincar é um momento importante de aprendizagem! Esses tempos de ouro para a aprendizagem e relação devem envolver total entrega e concentração. Na base da vida (Mas também como deveria ser em qualquer fase) quer-se qualidade e não apenas quantidade de tempo acordado quando estas já não envolvem qualidade. Se não há qualidade para o bebé e este não se sente bem e satisfeito, será fácil assumir que mais ninguém na família estará bem. É importante poder compreender, que não se trata apenas de quanto tempo passamos com quem mais gostamos, mas sim e essencialmente, a forma como vivemos esse tempo, e investimos na construção de uma relação, desde a própria base. Ensinar a dormir, e os esforços que são feitos para manter um bom sono ao longo do desenvolvimento, servem então por excelência para acrescentar melhoria no proveito e na qualidade do tempo de actividade, nas experiências que o cérebro do bebé vive e armazena, na sua própria estrutura, e que são em si alicerces, sejam emocionais, afectivos ou cognitivos. Quanto mais qualitativas essas experiências, maior, por sua vez, a sua implicação benéfica na própria qualidade e duração do sono! Leia mais sobre “O “para quê” da qualidade do sono”: em http://sonobebecarolinaalbino.blogspot.pt/2014/12/mas-afinal-para-que-conta-o-sono.html

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Causa ou consequência? O mau sono do bebé e a hiperactividade.


Como poderá o mau sono em bebé ter alguma relação com o potencial de Hiperactividade na infância?

Desde que iniciei o estudo aprofundado na área comportamental do sono do bebé e da criança que a hipótese da existência de uma relação entre os problemas de sono e a hiperatividade é-me evolutivamente clara, ao mesmo tempo que tem motivado a minha investigação na área, e orienta a minha prática.
Tenho noção de que a informação e o “boom” da evolução científica tem também como reverso, criado mais insegurança junto dos pais, que agora se tornam mais conscientes da importância das suas práticas, mas que injustamente nem sempre são devidamente acompanhados e ajudados para desenvolver as suas competências de acordo com a informação. Apenas bombardeados com aquilo que “devem” ou não “devem” e com as assustadoras consequências dos seus, na grande maioria das vezes, genuínos atos de amor, os pais devem ser apoiados na fortificação dos seus recursos e não na “prescrição” de “receitas” do que é melhor para os seus filhos. No entanto, acredito que é necessário informar os pais, e não considero que é na ignorância de conteúdos que reside a segurança, mas sim, nas escolhas e opções com conhecimento de causa.

Alguns estudos recentes têm demonstrado efetivamente, que rotinas desajustadas de sono, sono insuficiente e de má qualidade, assim como desregulação das sestas, estão relacionados com o transtorno de défice de atenção e hiperatividade, sendo por isso também a sua causa e não apenas a sua consequência, efeito ou sintoma (Shur-Fen Gau, 2006; Lee et al., 2014; Chiang et al., 2010; Konofal, Lecendreux & Cortese, 2010)
Estes resultados vêm confirmar muitas das minhas reflexões e conclusões que resultam de inúmeras observações naturalistas, na minha prática com os Pais em suas casas. Para além disso, vêm mais uma vez intensificar a importância do bom sono para o melhor desenvolvimento do bebé e da criança, e a necessidade desta área ser dignificada como um campo fundamental de estudo e intervenção precoce, não só para o aumento da qualidade de vida das famílias e dos bebés, mas também para a prevenção de problemas futuros, entre outros, o da Hiperatividade e Défice de atenção.
Eis as razões porque acredito que “não ensinar a dormir” como um bom hábito, desde a estruturação basilar do Ser- Enquanto bebé-, pode aumentar o risco, de em criança, se desenvolverem problemas associados à hiperactividade e défice de atenção:
Quando o bebé não dorme bem o que acontece nos momentos que passa acordado?
Na minha génese de metodologia assente no diagnóstico pela observação naturalista e co- implementação com os Pais tornou-se fácil concluir que quando o cérebro está cansado, ou seja, quando o bebé mostra sinais de sono, por cada momento que passa sem estar a dormir após estes sinais, vive cada vez menos tempo em qualidade. O bebé de forma repetida (ou crónica) chora e resmunga, apresentando pouca ou nenhuma concentração e proveito em qualquer atividade (ajustada à idade). A cada menos tempo de sono que faz, menor é a qualidade de aprendizagem, e maior a exigência de distração que o bebé necessita, para que simplesmente não chore.
Um bebé privado de sono requer por isso, demasiadas e constantes respostas por parte dos pais para se manter minimamente “bem-disposto” por mais do que alguns minutos. Além de exaustivo, pode perigosamente degradar a qualidade da relação parental e do vínculo, que é essencial. Os cuidadores tornam-se mais impacientes, menos disponíveis para a relação, mais cansados, e normalmente, mais frustrados...
Porque é que um cérebro sobrecarregado de estímulos ou excessivamente cansado impede que o bebé durma o que precisa?
Por outro lado, e confirmando o efeito “bola de neve” (ou “pescada de rabo na boca”) o bebé que está cansado, por não estar a dormir o que precisa, vive e experiencia muito mais estimulação e informação do que o seu cérebro poderá processar de forma tranquila no sono. O que se observa é que mesmo quando o bebé adormece poderá não atingir com facilidade a passagem continuada entre ciclos circadianos, ficando predisposto a acordar em sono leve. Fazendo um ciclo de sono normal (45minutos), o bebé estaria naturalmente em sono profundo aos 25-30 minutos após adormecer, e não acordaria nem ao som de aplausos. No entanto, por hiperestimulação em momentos acordados, estes períodos de sono leve, tornam-se assim mais longos. O bebé nesse caso fica altamente predisposto a acordar e a chorar a qualquer barulho, interrompendo facilmente o seu sono (excluindo outras variáveis que enraízam o despertar antecipado). Por sua vez, isto vai influenciar o bebé a dormir menos e pior. Nesse contexto, é típico que as sestas do bebé se possam padronizar na duração de 30 minutos ou ainda menos tempo.
Quando o bebé não dorme, o que tipicamente se faz para que este esteja bem-disposto?
Lembre-se que um bebé que não foi ensinado ou a quem não se ajudou a promover os melhores hábitos para dormir, poderá apenas por essa razão apresentar mais dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir pelo tempo saudável e ajustado às suas necessidades. Apenas por essa razão, tenderá a estar mais tempo acordado. Mas o seu cérebro continuará cansado, a sua irritabilidade aumentará e fá-lo-á necessitar de ser distraído constantemente para que não chore. Serão então necessários estímulos evolutivamente mais fortes para o distrair do choro. Os pais preocupados procurarão todas as estratégias para que o bebé acalme, recorrendo muitas vezes a estímulos desajustados e acessórios como ipads, televisão, colo constante para que o bebé veja tudo em movimento, um “ banho “ de objetos estimulantes (luzinhas, brilhos, tremeliques, etc.). Obviamente que os pais estão exaustos porque o bebé não dorme, sem disponibilidade emocional muitas vezes para considerar que, estão eles mesmos presos num conjunto de respostas ao choro, de curto prazo, que adensarão o problema, tanto de sono, como de futuro comportamento do bebé, hábitos e proveito de atividade. Esta falta de disponibilidade (por parte de Pais cansados) irá estar mais próxima de condicionar os pais na sua paciência para ensinar o bebé a desenvolver os seus recursos e aptidões de médio longo prazo, de descanso por exemplo, que reactivamente aplicarão de forma mais constante soluções de curto prazo, mas que adensarão o problema de sono.
Quantas vezes já nos deparámos com situações padronizadas deste género, aparentemente inofensivas?
- O bebé a ser continuamente abanado no carrinho para que não chore, até mesmo quando já não está a chorar há algum tempo (O resultado prático para o bebé é distração pelo movimento do mundo envolvente, o mundo sempre em agitação).
- O bebé ser distraído com bonecos, livros ou brinquedos para que abra a boca e coma um pouco melhor.
- O bebé a ser abanado para dormir, sem chorar.
- O bebé que está na cadeirinha de tremelique, com a música ligada, a projecção de luz de estrelas, 5 bonecos de cores, texturas e brilhos diferentes caídos na sua frente, uma tv ligada de fundo, e um cuidador esmerado que agita uma roca na sua frente.
- A criança que é posta num local de atividade, muito tipicamente na sala, com “centenas” de brinquedos estimulantes indiscriminados, amontoados, jogos e livros, a televisão ligada nos desenhos animados que mudam a 10-15 minutos, e ainda, pelo meio, um surto de publicidade.
- O desabafo:” Só consigo ter uns momentos de paz quando a ponho em frente à televisão”.
Estes são apenas alguns exemplos de estratégias bem-intencionadas, aparentemente naturais e inofensivas, mas acima de tudo compreensíveis, por parte dos cuidadores, mas, que sendo apenas respostas de curto prazo para que o bebé se acalme ou não chore, além de não resolverem o que está na base da rabugice ou choro, não estimam a capacidade de aprendizagem do bebé. Estes recursos não o permitem concentrar-se na verdadeira aprendizagem, que no fundo desejamos que fortaleçam, e não criam as melhores condições de comportamento a longo prazo.
Desde quando é que a vida em ritmo natural que se conquista os aborrece? Se calhar nunca os aborreceu, mas enquanto “cérebros exaustos” não foi fácil retirar satisfação do ritmo natural e bem mais calmo que a vida tem, com tempo para aprender a fazer tudo da melhor maneira (comer, dormir, brincar). A prática e a orientação devem ser feitas desde cedo, no sentido de ultrapassar as dificuldades através da concentração e da aprendizagem, e não da distracção como recurso face à dificuldade. Para isso é preciso haver condições para a pro-acção, que melhor se alcançarão com a regulação dos ritmos e uma prática que igualmente estima e ensina os melhores hábitos de descanso (sim, ensinar a dormir bem como elemento a considerar igualmente). É comum os pais, por desconhecerem a importância da estruturação da aprendizagem e importância dos hábitos ao longo do primeiro ano de vida, possam desistir nas primeiras dificuldades e choros do bebé, assumindo que o bebé poderá não ter capacidade para aprender. Muitas vezes os pais não estão confiantes do que o bebé precisa, e isso é largamente mais observável quando os pais não tomam parte ativa na regulação dos ritmos do bebé, e se deixam antes ser orientados pelo ritmo errático do bebé, ainda inexperiente.
Inadvertidamente e desde a base da sua vida, os nossos bebés estão a ser distraídos para as mais básicas aprendizagens estruturais! Porque nos admiraria que mais crescidos, tenham dificuldade em concentrar-se? Ou até mesmo não saibam dormir, acalmar, comer, esperar, ouvir, entreterem-se sozinhos sentindo-se seguros? Porque se tornaram exaustivos e tantas vezes insatisfeitos? O que aprenderam afinal? Ou melhor, o que sem querer lhes ensinámos e se arrastou rapidamente até à infância?
Como isto se pode repercutir para depois dos 12-15 meses?
O bebé ao viver nesta privação de sono ao longo do seu primeiro ano de vida, terá razões suficientes para ter enraizado hábitos pouco salutares de atividade, de relação, de sono também, podendo obviamente influenciar a qualidade da sua alimentação diurna. Condicionados por um cérebro cansado em tempo acordado, e por respostas a curto prazo dos pais, altamente estimulantes desde cedo para que não chore, baseiam-se agora na sua “fórmula” conhecida de brincar, e se sentir bem. Dessa forma, desenvolvem um baixo índice de satisfação e tolerância à frustração com predisposição para saltitar de superfície em superfície, de brinquedo para brinquedo, de jogo em jogo, em muito pouco tempo, sendo frequente ouvir o desabafo “ele tem muita dificuldade em concentrar-se numa brincadeira ou atividade por mais de 1 minuto”, ou “ ou nada o satisfaz de facto por muito tempo”. É normal que os índices de concentração do bebé sejam inferiores em termos de capacidade, em relação a um adulto, mas é também verdade que só aumentam para os seus níveis possíveis a cada idade, caso se proporcionem as condições e orientação por parte de quem cuida e educa.
Resumindo, se antes o seu cérebro não tinha capacidade para se concentrar em algo, por estar cumulativamente cansado, hoje, mesmo tendo mais idade e logo mais capacidade (e menos necessidade de horas de sono em relação aos primeiros meses de vida), simplesmente poderá não ter hábito ou tendência de se satisfazer doutra forma.
O recurso à televisão, se não foi introduzido até então, é agora usado como um falso apaziguador, afinal os pais estão também cansados, o que é perfeitamente compreensível. A televisão não é um “bicho” e terá conteúdos até bastante interessantes para crianças, no entanto, o hábito da sua exposição padronizada deve ser evitado até aos 18-24 meses, segundo vários estudos concluem, e não será difícil compreender porquê. O uso excessivo de televisão muitas vezes está ligado à criação de nocivos hábitos de interação passiva que não ajudam o bebé ou criança a desenvolver competências estruturais. É importante que aprendam a socializar, a saber brincar mais e melhor, a reforçar a confiança em voltar a tentar e lidar com a pequena frustração, a concentrar-se numa tarefa, a saberem ouvir e confiar. Para além de interferir negativamente com estas aquisições, a exposição excessiva à televisão pode também introduzir dificuldades em aprender a acalmar, a mudar de ritmo para dormir, e na retenção de atenção em estímulos que exijam esforço mental por mais tempo gradual. Por não desenvolver os seus próprios mecanismos internos basilares, todas as tarefas que não envolvam elevado nível de estimulação passiva (sem esforço e sem “distração”), e que obriguem à organização ou concentração, poderão ser pouco aprofundadas e vivenciadas como desagradáveis e acentuadamente aversivas, normalmente manifestas com choro e “luta”. Por conseguinte, vão ser tendencialmente evitadas pela irrequietude constante de procurar um novo estímulo, nova actividade, nova distracção, manifesta em choro ou birra, ou outras vezes de forma insustentável e aparentemente irreversível na capacidade de resposta dos pais.
Ensinar a dormir é uma parte significativa de prevenção dos distúrbios emocionais e de comportamento- um bom investimento para a estrutura cognitiva e emocional da criança
Na minha modesta opinião, ensinar a dormir desde cedo é sim, parte da prevenção a problemas de sono, mas que condicionam também diagnósticos mais complexos.
Quem trabalha “o sono”, não trabalha só com, e para o sono, e deve ajudar os pais, e trabalhar junto dos bebés, em todas as outras áreas fundamentais para o desenvolvimento equilibrado (alimentação, atividade, vínculo emocional/relação de confiança, cognição, comportamento, etc.). O bebé não se desenvolve harmoniosamente apenas “à conta” de um campo de desenvolvimento. E não basta apenas ensinar a dormir. Não esqueço essa condição enquanto responsabilidade e coerência, das quais me faço acompanhar diariamente no meu exercício profissional e foco. É a noção constante de que o sono é uma das bases fundamentais para o desenvolvimento, mas que não dispensa a análise atenta de outros áreas do bebé/criança que influencia e pelas quais é influenciado, que me faz acreditar numa intervenção completa, responsável, sensível, aprofundada e atenta junto das famílias.
Dessa forma acredito e sustento-me em evidências, não só da experiência que registei ao longo dos anos, como de também de estudos científicos que advertem para a hiperestimulação nos bebés, reforçando que a mesma, além de agravar os seus problemas de sono, é também consequência inadvertida do mau sono. Tem repercussões no comportamento que devem ser prevenidas, abordadas e tratadas.
Muito se tem falado na facilidade com que se medicam as crianças, com estudos já a surgir também sobre os malefícios futuros destas terapêuticas. Como alternativa, reforço que é urgente trabalhar na prevenção, junto dos bebés e das suas famílias, demonstrando sim, que a qualidade de sono é uma peça basilar do desenvolvimento, bem-estar e qualidade de vida, que promove o vínculo afetivo, a concentração e o maior rendimento a todos os níveis e para todos.


E se prevenir maus hábitos de sono ajudasse a diminuir a prevalência de abandono escolar, défices de atenção e até problemas emocionais na adolescência? E se tratar problemas de sono evitasse um diagnóstico futuro de hiperatividade?
Começa a ser evidente a necessidade de se reformular as políticas de saúde e aumentar as respostas aos problemas dos nossos bebés, não só os afetos ao sono! É fundamental abraçar os benefícios da prevenção e da intervenção precoce perante os desafios do novo contexto da parentalidade. Mantenho a crença e trabalho com a certeza (também de forma privilegiada com os meus filhos) que as crianças que dormem melhor poderão ter melhores condições para um desenvolvimento equilibrado, estruturação do seu sentido de felicidade, e assim maior facilidade enquanto adultos, de viver todo o seu potencial.


Referências:

Shur-Fen Gau, S. (2006). Prevalence of sleep problems and their association with inattention/hyperactivity among children aged 6-15 in Taiwan. Journal of Sleep Research, 15(4), 403-14 .

Lee HK, Jeong JH, Kim NY ,Park MH,Kim TW ,Seo HJ, Lim HK, Hong SC, Han JH, (2014). Sleep and cognitive problems in patients with attention-deficit hyperactivity disorder. Journal of Neuropsychiatric Disease and Treatment 17(10), 1799-805.

Chiang HL, Gau SS, Ni HC, Chiu YN, Shan CY, Wu YY, Lin LY, Tai YM, Soong WT, (2010) Association between symptoms and subtypes of attention-deficit hyperactivity disorder and sleep problems/disorders. Journal of Sleep Research, 19(4):535-45.

Konofal, E., Lecendreux, M., Cortese, S.(2010). Sleep and ADHD. Sleep Medicine 11(7), 652-8.



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Adormecer sozinho: Os riscos enquanto ingrediente isolado!



O bom sono não passa apenas por “ensinar a adormecer sozinho”. É uma chave capacitante fundamental. No entanto, fator critico de sucesso de um bom sono( qualitativo e contínuo) hoje e amanhã, é a integrada construção de uma relação equilibrada, com tempo de qualidade para a relação, nos momentos acordados.


O processo de crescimento do Ser Humano nunca se dissocia de Aprendizagem- é inerente! Não é opcional! É absolutamente necessário que se respeite o bebé, como ser único e especial, como Pessoa, numa fase que em especial nos 12 primeiros meses, tem o maior número de sinapses do que qualquer outra fase da vida!


Nesse sentido é importante acolher o bebé, observá-lo, conhecê-lo, mas não esquecer o fundamental papel de guia dos Pais, até no reconhecimento da definição das suas necessidades, com Amor, Resiliência e Respeito! É preciso dignificá-lo enquanto SER que tem a habilidade de aprender (porque tem), de se estruturar a cada dia que vive, reforçando as suas competências com dedicação que só o Amor permite e inspira. Isto desvia uma eventual tendência desequilibrada de se considerar um bebé mera extensão do corpo da Mãe, ou como mero pertence seu.


Uma forte relação de confiança que respeite as necessidades físicas e emocionais do bebé, permitirá uma regulação mútua, que estimula a sua noção de segurança, o reconhecimento de onde vive e como define os seus sentimentos. Desenvolvida com uma base de respeito e até justiça, poderá promover um adormecer e readormecer mais tranquilo e regular, sem a contínua expectativa frustrada da presença de recursos externos dos quais não controla quando adormece. Acima de tudo recursos de que não pode dispôr em toda a continuidade do sono (em muitos casos, por insustentabilidade de resposta continuada por parte dos próprios pais, perante a chegada de novos irmãos, ou mesmo quando a criança ficar com outras pessoas).




Começando como não se deseja continuar, e não tendo assim uma visão em perspetiva da qualidade da relação e do Vinculo a médio e longo prazo, poderá não se dignificar a capacidade do bebé em se preparar gradualmente nesse sentido, a fim de evitar choque e frustração. Dessa forma estar-se-á à mercê de repetidas desilusões do próprio bebé na hora de dormir, mas também da qualidade da relação, insegurança enraizada, difícil e muitas vezes impossível de manter, perante o contexto do que foi dado ao bebé, na base da vida, no seu processo primário de estruturação.


Este tema poderá ser algo controverso quando não aprofundado em todas as suas vertentes de influencia e efeito, mas o meu trabalho dedicado no campo, ao longo de vários anos, tem chegado a resultados e evidências (que organizo num estudo) que demonstram que o estabelecimento de uma base segura para o bebé/relação de confiança (teoria de vinculação Bowlby), de uma forma integrada, ou seja,  não apenas construída no momento exclusivo de adormecer, não só protegerá o sono saudável sem colocar em risco a sua vida emocional, como fortalece a sua relação de confiança com os pais. Afinal a verdade é que todos precisam de dormir e descansar….E dependente disso está também toda a qualidade de experiências que os pais podem dar aos seus filhos no inicio da sua vida, ou seja nos seus alicerces –  pois se cumulativamente cansados, os Pais não conseguem ser melhores pais, e continuamente privados de bom sono, os bebés não percecionam a vida da mesma maneira, nem se desenvolvem da mesma maneira.


Ao construir-se a relação de uma forma sólida estruturada e equilibrada ( com tempos para tudo), alicerça-se assim a confiança do bebé nos pais e no mundo (perceção segura do mundo envolvente, meta-corpo dos pais), de que pode contar com eles quando precisa, nas suas dificuldades de crescimento, e ter mimo voluntário e não apenas quando precisa de dormir. Assim poderá ser ensinada e enraizada a perceção de segurança interna, mesmo quando os pais estão fora do seu campo de visão ou de perceção física, temporárias- quando trabalham, vão à casa de banho, ou mesmo quando vão dormir. Caso se dê o benefício de uma preparação ajustada gradual e respeitante das necessidades físicas e emocionais em formação, o bebé está mais protegido e fortalecido emocionalmente para encarar o afastamento normal (não me refiro ao afastamento abandónico ou de negligencia). 


Poderá ser complicado para algumas vertentes do pensamento compreender o impacto, mas há que assumir que quando o bebé nasce; está cá para fora, e como tal, justo é ser gradualmente preparado e fortalecido de segurança em relação ao mundo exterior. È importante fazê-lo de forma progressiva e não, ser continuamente dada a percepção de que a segurança vem apenas da aproximação ao corpo do qual já se separou ao nascer, em regressão física….Pois poderá haver um ponto, que mais junto aos pais não poderá estar, só mesmo voltando para o útero….Algo impossível. Isto é algo que constato em alguns casos de co-sleeping que me procuram….O bebé/criança já não pode estar mais próximo dos pais, no entanto a insegurança em relação ao sono( mas não só) ditou a regra de co-sleeping. Mesmo assim, o bebé, depois do contacto físico, contínua inseguro e acorda várias vezes, pois o vinculo e noção de segurança foi apenas alavancada através da proximidade física.


Em diferença, os Pais podem assumir um papel de segurança e coerência organizada,  que não falham nas maiores dificuldades e necessidades, e estimam o seu ser em desenvolvimento e o vinculo da relação. Estas demonstrações continuadas em vários como tantos momentos, permitem um campo de perceções e associações ao bebé, limpo no campo do sono, para dormir de forma mais autónoma, tranquila e com uma enraizada e genuína noção de segurança em relação ao meio envolvente.


De forma apoiada não só no trabalho como nos estudos de entidades altamente qualificadas e dedicadas ao longo já de décadas, como do meu próprio trabalho e estudo confirmo que para os bebés, UMA DAS causas que enraízam no médio e longo prazo o seu despertar nocturno, é o facto de se ter consolidado (ainda que muitas vezes de forma acidental) a aprendizagem de ser adormecido ou readormecido, ou seja, induzido no sono através de acções alheias à prática física e interna dos seus mecanismos próprios- e não sejam assim apresentadas sequer, como uma escolha acompanhada e continuada num processo resiliente, paciente e estruturado, de quem ama hoje e amanhã - Valorizando assim um dos processos mais importantes do fortalecimento da qualidade de experiências enquanto acordado- o bom sono. 


No entanto, não sendo fácil toda a dedicação envolvida para aceitar que todo o processo de crescimento/aprendizagem não é mecânico e matemático e necessita de DISPONIBILIDADE e empenho (para se conhecer), para conquistas prolongadas e qualitativas neste campo, muitos Pais escolherão encontrar, ou recorrer a outras correntes que justifiquem aplicação de soluções de curto prazo, "indução do adormecer" através seja de ingestão, embalo etc, sendo escolhas e capacidades dos pais devidamente respeitáveis e que não devem ser julgadas, sequer moralmente, pois estes são os absolutos responsáveis pela sua noção/visão de convivência e crescimento a curto médio e longo prazo, não só do bebé como da própria família.


Perante todas as evidências de que poderão comprometer o hábito de sono contínuo e profundamente reparador, enraizado desde cedo, bem como das evidências que podem comprometer a pré-disposição do bebé e depois criança para dormir, a verdade é que jamais deverá ser julgado tanto o conhecimento, como crença, capacidade ou mesmo tempo disponível dos Pais para o alcance INTEGRADO do “bom sono”....Pois bom sono, reforço, não se resume em apenas ensinar o bebé adormecer sozinho...Quem assim acreditar, partirá de uma base incompleta e perigosamente insuficiente/incorrecta,  a revelar-se numa desilusão perfeitamente desnecessária.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Causas que incentivam e enraízam o despertar na madrugada - Parte III:Conciliar o sono de forma demasiado dependente



Quando os Pais adormecem o seu bebé, é bom que possam saber que quem adormece, efectivamente, é o bebé! Adormecer é uma acção e prática pessoal e intransmissível! Mesmo que os pais sejam membros activos na condução da conciliação do sono dos seus filhos. esta conquista por parte do bebé poderá fortalecer o seu conhecimento e autonomia, neste campo!
Mesmo que aos seus olhos pareça pouco tempo para se enraizarem conhecimentos e hábitos, os poucos meses de vida do bebé, são tudo o que ele tem de experiência e conhecimento! Se apenas e exclusivamente consolidar a aprendizagem de ser adormecido, ou seja, induzido no sono através de acções alheias à prática física e interna dos seus mecanismos próprios, é normal que venha a apresentar pouca facilidade em adormecer e principalmente, em readormecer. Irá instalar-se uma genuína necessidade (e não uma manha como se gosta de acreditar de forma popular), construída com base nessas referências ou expectativas.
É típico que no início, os pais se possam esquecer da importância de orientar e regular o bebé, canalizando a sua energia para tentar perceber o que se passa e agindo por reacção em vez de pro-acção. É uma atitude normal e importante de conhecimento, mas quando levada ao extremo, inverte a ordem natural de quem de facto precisa de ser orientado neste novo contexto. Ao invés de acolher as suas acções/reacções, e atribuir-lhes significado, os pais podem manter por demasiado tempo a resposta de curto prazo no atendimento às necessidades do bebé. Isso gera inadvertidamente um dos hábitos mais comprometedores da educação e que se manifesta deste muito cedo, no sono. Mas no fundo, e sem intenção disso, estes Pais dedicados, iniciam algo que não desejam prolongar, e, quando muitas vezes assumem que poderá haver um problema, é comum que certos maus hábitos no sono já estejam discretamente enraizados.
Exemplos como adormecer ao colo, com embalo, toque (festinhas, palmadinhas), companhia, à “mama” ou biberon, carrinhos de passeio, ou mesmo uma combinação baralhada de todas estas possibilidades, são algumas soluções de induzir o sono e soluções de curto prazo, que dão, inevitavelmente, uma percepção ao bebé, de que para dormir, qualquer um destes recursos pode ser necessário, e que destes está dependente! No entanto, são todos métodos de adormecer que não podem ser, na sua maioria, mantidos na duração ideal do sono ou crescimento do bebé, incentivando assim o estado de alerta para dormir, e a demarcação do despertar.
Porque serão então estas soluções para adormecer, causa do despertar à noite?
Se são estas as únicas “soluções” que o bebé reconhece e pratica para conciliar o sono, as mesmas agem também como um “incentivo” ao seu demarcar de despertar na noite. O sono é feito por ciclos de 45 minutos, e cada ciclo no seu fim (e início) é feito de fases de sono leve, onde o bebé pode despertar muito facilmente. Nem sempre o despertar é demarcado com choro (e aí muitas vezes os pais nem sabem se o bebé acordou ou não), mas caso o bebé interiorize que o processo de readormecer precisa de mais meios dos que este poderá accionar autonomamente, tenderá inevitavelmente a manifestar-se por hábito e nessa expectativa. Ou seja, em vez de simplesmente suspirar e entrar num novo ciclo, o bebé esperará algo, manifestando essa expectativa (e mais tarde manifestando uma genuína necessidade de segurança) através de choro.  
Não se pode esperar que o bebé saiba reconhecer que precisa de dormir, mesmo que seja a meio da noite, pois ele é naturalmente interessado por tudo o que lhe for oferecido, independentemente das horas. Caso as soluções oferecidas para adormecer ou readormecer, possam evitar que pratique o seu mecanismo interno de adormecer, ou venham mesmo inadvertidamente a agir como estimulantes e interessantes acontecimentos àquela hora, poderá ser complicado voltar a readquirir a calma necessária para readormecer rapidamente. Isso é algo que se confirma ser comum, quando a “metodologia” para pôr a dormir utilizada pelos pais, passa por “embalar com movimento”, uso de luz, deslocar de ambientes (por exemplo ir do quarto para a sala, passar para o carrinho, ou mesmo sair do berço para a cama dos pais, etc).
Nestas circunstâncias, à medida que o bebé cresce, poderá desenvolver e associar insegurança face ao local berço durante a noite (pois associa que quando tem dificuldade e chora, tem de sair imediatamente dali, como solução para o problema), poderão também intensificar-se as ocorrências de choro e aparente luta para dormir, sempre na mesma circunstância. Com a idade, e o aumento da consciência do bebé, é comum que as consequências de o adormecer em exclusiva dependência, em vez de o ensinar a dormir de forma despojada de expectativas e necessidades criadas artificialmente, tornem o sono cada vez mais difícil.
Observo, em variadíssimos casos, que é típico o bebé deixar de querer adormecer, em especial a partir dos 9 meses( combinando com fase típica de “ansiedade normal de separação”, num contexto histórico de sono dependente. Esta situação tende a piorar nesta fase, pois o bebé não se sente seguro no processo de dormir, consciencializando cada vez mais da dependência de companhia para o fazer. Percebe também, que quando adormece perde a noção do que está acontecer à sua volta, e que a “solução” que o deixa seguro para adormecer em primeira instância (companhia, toque, colo, etc.) não é constante e controlável, pois pode sair dali a qualquer momento, em especial quando ele não dá conta( pois adormeceu entretanto). É como se pairasse para o bebé a mensagem no ar: “o sono não é de se fiar, pois coisas importantes e incorrectas podem acontecer!”
Caso estas “metodologias” de adormecer e readormecer o bebé, consideradas de “curto prazo”, não sejam identificadas, isoladas das outras variáveis (que demarcam e enraízam o despertar e apresentadas no conjunto deste artigo “base”) e assim resolvidas, poderão, mês após mês, vir a enraizar-se igualmente no relógio biológico do bebé. Estas interrupções do sono impedem não só o descanso da família, como dificultam de forma padronizada o aprofundamento das fases de sono profundo, podendo arrastar-se para idades seguintes. O bebé poderá ficar “internamente programado para acordar”, e isto, simplesmente, porque sempre o fez, noite após noite, desde que se conhece. No entanto, mesmo estando os pais conscientes destas consequências, poderão sentir que não têm outra escolha senão aplicar o que sempre fizeram e viram fazer, experimentar de tudo um pouco, administrar fármacos, ou simplesmente esperar que passe com a idade e com o poder da “sorte”.
O processo de crescimento do Ser Humano nunca se dissocia de Aprendizagem e como tal, poderá não ser justo esperar-se de um filho, mesmo que de um bebé se trate, capacidades, conquistas e aprendizagens, quando estas não foram ensinadas de forma continuada e persistida, com Amor e resiliência! Para ensinar é preciso dar a oportunidade continuada de prática, combinada com uma rotina, e uma forte relação de confiança que respeite, e reforço, respeite as necessidades físicas e emocionais do bebé (sempre ajustadas à sua idade e peso). Para tal, medidas em prevenção podem e devem ser desenvolvidas, e tem sido esse o meu trabalho aprofundado no campo, ao longo de vários anos com resultados que poderão facilmente comprovar a teoria exposta.
Uma forte barreira ao ensino ou intervenção precoce neste sentido, fora de um quadro patológico, é a tendência dos pais, levados pela avaliação do tamanho físico (pequenez física), considerarem uma noção de incapacidade e incompreensão por parte do bebé, e que este poderá não estar preparado para lidar com o sono. No entanto, é importante que saiba que o bebé, nunca estará preparado para estas aprendizagens básicas, caso não se dê essa oportunidade orientada e continuada. No fundo, adormecer constantemente um bebé, é inadvertidamente, privá-lo de se preparar, aprender a lidar, fortalecer e melhorar a sua vivência neste campo, com uma verdade expectável e desejável para o seu próprio bem, normal e segura ao longo do seu crescimento. Quanto desde mais cedo se começar essa preparação, mais natural, menor desilusão, choque ou sofrimento para o bebé, e melhores hábitos de sono protegido e profundo. Em suma, sono qualitativo e contínuo enraizado por mais tempo.
Ao não se ensinar o bebé, todos os dias, a sentir-se seguro para conciliar o seu sono de forma gradualmente mais autónoma, está a privar-se o bebé não só de aprender a adormecer, como a readormecer, sempre que necessário, de uma forma simples, descomplicada, rápida e tranquila. Este “exercício” é apoiado por estudos, e resultado de inúmeras observações, como sendo uma aprendizagem fundamental para o sono mais qualitativo do bebé. Sem esquecer que o “sono do bebé” é a matriz para um bom desenvolvimento, e que a sua qualidade influencia também o bem-estar enquanto acordado, promovendo as melhores experiências e percepções, nos alicerces da sua vida Humana.
Para muitos pais, isto será algo que consideram muito difícil, mas garanto que não dará mais trabalho do que adormecer continuamente um bebé ao longo do seu desenvolvimento, e deixar, pela força do acaso, que certas conquistas se dêem, e certos problemas de sono interrompido cessem, quando já acumulados com outras questões. É preciso considerar capaz! É preciso ensinar! Para ensinar é preciso conhecer, e para conhecer é preciso trabalhar uma relação de confiança, em especial com vidas recentes a descobrir e a tomar parte da formação.
É bom frisar, que sendo um aspecto crucial, o trabalho de promover  e proteger o  bom sono do bebé, ou criança, ao longo do seu desenvolvimento, começando desde cedo, não se centra apenas na aprendizagem do seu adormecer autónomo como o passaporte exclusivo para que durma bem hoje e amanhã. Em alguns casos, apenas este aspecto mostrar-se-á incompleto para o objectivo do sono contínuo e qualitativo, sendo por isso sempre necessário a coordenação com outras medidas e campos relevantes do seu desenvolvimento. Mas, o “adormecer sozinho” será um dos mais importantes factores de sucesso para o bom sono, e em muitos casos, “a cereja no topo do bolo”

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Mas afinal para que conta o Sono?

P.:Mas afinal para que conta o Sono?
R.:Melhor tempo acordado!

Mais do que pais e bebés descansados, querem-se famílias felizes e saudáveis!

É importante poder compreender, que não se trata apenas de quanto tempo passamos com quem mais gostamos, mas sim e essencialmente, a forma como vivemos esse tempo, e investimos na construção de uma relação, desde a própria base. A qualidade dessa relação tem em si uma capacidade de influenciar a primeira infância, enquanto o alicerce emocional de um adulto estruturado!

Ensinar o bebé a dormir, é apenas um dos veículos indispensáveis para potenciar maior qualidade ao tempo que o bebé passa acordado. Quer dar-se o melhor cartão de visita deste mundo ao "nosso" novo Ser!

Ensinar a dormir, e os esforços que são feitos para manter um bom sono ao longo do desenvolvimento, servem então por excelência a qualidade do tempo de actividade, das experiências que o cérebro do bebé vive e armazena, na sua própria estrutura, e que são em si alicerces, sejam emocionais, afectivos ou cognitivos.

Quanto mais qualitativas essas experiências, maior, por sua vez, a sua implicação benéfica na própria qualidade e duração do sono, afectando directamente o bem estar em todos os campos relevantes do desenvolvimento do bebé. É um ciclo vicioso que se deseja benéfico e em prol do bebé, sem esquecer a importante capacidade dos pais para manter a boa experiência. Ou seja, para terem sempre paciência para dar o melhor, enquanto o bebé está acordado.

Melhor tempo acordado... Algumas sugestões:


# Não ligue a televisão logo quando chega a casa!

A presença de uma televisão ligada vai desviar a sua atenção, e a dos seus filhos, daquilo que realmente importa! Além de ser um elemento que incita a desconcentração, cria hábito de interacção passiva! O foco deve estar na relação e na qualidade da interacção, e o hábito deve vir desde cedo. De forma bastante unanime, todos os estudos feitos acerca da exposição à TV, e outros aparelhos mais recentes, como  ipads ou smartphones portáteis, recomendam a protecção do bebé até aos 24 meses, pela sua ligação ao déficit de atenção e potencial hiperactividade.

Leia também http://crescer.sapo.pt/bebe/perguntas-frequentes/os-bebes-e-a-televisao


# Ouça música com os seus filhos!

Para além de ser uma excelente ferramenta nos rituais de acalmar, a música pode e deverá estar presente em momentos de lazer! São muitos os estudos que comprovam a importância das melodias para o desenvolvimento, e pode ser muito divertido dançar com a criança, ou simplesmente interagir com o seu bebé, ao som de música. Os sons irão contribuir para o desabrochar de vários estados de espirito e raciocínio, através dos varios tipos de ritmo, e conjunto de instrumentos e melodias.

Leia mais em http://everydaylife.globalpost.com/music-helps-brain-development-infants-1600.html


# Escolha brincadeiras divertidas que promovam a relação, mas também as conquistas pessoais do bebé!

Muitas vezes os pais queixam-se que, à hora que chegam a casa, já não têm tempo para brincar com os filhos! No entanto, podem tornar momentos do quotidiano, mais divertidos para todos. Por exemplo, nomeando as partes do corpo da criança, enquanto esta se veste, deixando o bebé acompanhar nas tarefas domésticas, e até aproveitando a hora do banho para promover a interacção. Ensinar as partes do corpo, os sons dos animais, a mimica de várias palavras, etc.. Mais do que apenas e sempre brincar com o bebé, é também importante dar ao bebé recursos para que possa desenvolver as suas aptidões, ensinando-o também a brincar!


#  Converse com o seu bebé! E converse de verdade, de pessoa para pessoa!

Deve-se falar com o bebé sempre que possível: no carro, a caminho da creche, durante as refeições, no banho, etc. "Fazer a legenda de tudo" é uma forma muito fácil de aprofundar o laço de confiança, quando tornada num bom hábito e quando as palavras de facto referenciam o que está a acontecer ou vai acontecer. No entanto, falar com ele de forma adequada também é importante. É comum ver os pais a falarem "bebezês" ou  falarem muitas palavras e muito depressa. No segundo caso, põem inadvertidamente o bebé "a mil", como sem querer, dificultam a sua tarefa  em associar o som das palavras às situações, e assim melhor reconhecê-las. A cadência e a velocidade das palavras escolhidas, a linguagem corporal e até mesmo a própria respiração,  podem contribuir tanto para a calma e segurança, como no oposto, para a impaciência, insegurança e ansiedade.

Leia mais em http://crescer.sapo.pt/bebe/perguntas-frequentes/como-construir-uma-relacao-de-confianca-com-o-seu-bebe-peca-matriz-para-o-sono/2




# Quando fala com o seu bebé/criança, veja-a nos seus olhos!

A ideia não é falar só com a "apresentação fisica" do seu bebé e sim com algo igualmente inerente e particular a cada Ser Humano. Falo da sua Alma, ou lado espiritual.  Não se esqueça que não somos só um corpo físico, somos um corpo espiritual! O vínculo agradece!
Além de que são muitos os estudos que comprovam a importância do contacto visual para o fortalecimento das relações de confiança, olhar de verdade o outro é mostrar que estamos completamente disponíveis para o receber no nosso mundo, o aceitamos, e desejamos compreendê-lo. Olhar o bebé nos olhos e ter uma conversa de quem considera o bebé um indivíduo exclusivo e não apenas um Ser mais pequeno ou um pertence, respeitando, obviamente, a sua disponibilidade para a interacção, pode ser muito importante no enraizamento da sintonia da relação.


# Hora SÓ da refeição!

Aproveite as horas de refeição para estar completamente disponível para os seus filhos, reduzindo qualquer outro tipo de estímulos, interagindo e conversando com eles, ensinando a comer bem, a estar e a ouvir!


# Seja a inspiração emocional do seu bebé!

Ensine a reagir às pequenas adversidades, lembrando-se que são as suas as verdadeiras guias modelo! Veja essa influencia como uma conduta positiva ao nível de um privilégio que lhe foi concedido ao ser escolhida para Mãe, em vez de a encarar com medo por ser uma grande responsabilidade. Quando o bebé chora nalguma adversidade apresente-lhe novas soluções emocionais além do que ele já está a manifestar. Ele por certo que não vai precisar de comiseração, ou de se sentir ainda mais "coitado" pelo que sente- isso enfraquece o espírito e intensifica o seu desconforto! Apresente-lhe uma nova solução, e pode bastar uma resposta em tom positivo e relaxado, com um sorriso.


# Dê abraços e mimos, mas ajude o bebé organizar-se emocionalmente e a estruturar-se nos "primórdios" da sua inteligência emocional!

Misturar tudo pode dar problemas.
O contacto físico é vital além de que pode ser muito estimulante, especialmente se se for desejado, e se existir a disponibilidade do outro para o receber! Não devemos ser intrusivos e sim respeitar também o desejo do outro! No entanto, abraçar os nossos filhos e demonstrar-lhes diariamente em várias circunstâncias, o quanto gostamos deles, é essencial para alicerçar a relação de confiança, factor indispensável para a noção de segurança e qualidade do sono! Lembre-se de usar sensatez, os abraços e os mimos são ESSENCIAIS, mas não devem só existir no momento exclusivo do sono, ou apenas quando o bebé chora.